Homem, alma de aço!
Clicia Pavan


Homem, alma de aço,
 aventureiro audaz...
De cidade em cidade,
 construindo cidades...



Homem, alma de aço,
 traz no sangue a sina ...
Sua sorte... 
Obra do acaso...
Sem justa causa,
 o tempo trouxe-lhe os desenganos...



Homem, raiz da terra.
Sem proteção...
 Nativo do sertão!
Remói o cansaço...
 De galho em galho...



Homem, feitio de coqueiral...
Homem, gosto de sal...
Poema de arribação, ave do sertão.
Versos da asa branca...
Tristeza da araponga...



Homem, alma de aço.
Forte como o mandacaru...
Um coração de cantador, que traz
a esperança de um sonhador...



Nas mãos, a aspereza da vida...
No rosto, o semblante triste de ser
Filho da falta de política ,
da falta de opção... 



Homem, alma de aço.
Lágrimas caladas de um cabra lá do sertão ...
Que veio pra cidade grande
 esperando a sorte achar .
Debaixo de cada ponte ao relento
 sonhou que sua vida ia melhorar... 



Sem alento encontrou fuga nas drogas ,
nas horas de vazio ... 
de barriga vazia...
A fome gritou mais alto.



Mãos ao alto Moço passa a carteira ...
Homem alma de aço chora na cadeia 
a solidão, a saudade da historia que ficou trás ...
O Sonho da cidade grande... 
E a saudade do sertão

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Página editada em 16/08/2004.